É inegável que a comédia foi o gênero mais praticado por William Shakespeare, sendo o subgênero “comédia romântica” o mais comum. A Megera Domada (c. 1592-4) pertence a essa categoria. De acordo com Marlene Soares dos Santos (2016), o amor romântico é o grande tema de tais comédias e há o predomínio de personagens femininas fortes.
As comédias são o espaço privilegiado das mulheres, as principais responsáveis pela perpetuação da vida e da comunidade. É na comédia que encontramos a pujança de suas palavras e ações. Ao encenar a tensão entre a tentativa de controle masculino sobre a mulher e a liberdade vocal feminina, Shakespeare toma a “mulher” e o “feminino” como questões, perguntas e temas a serem debatidos, sem respostas conclusivas, dialogando com os modelos de representação da mulher como a “mulher silenciosa” e a “megera”.
Centrada na corte a duas jovens, aparentemente situadas em lados opostos do comportamento feminino – sendo Catarina uma “megera” e Bianca, uma “mulher silenciosa” –, A Megera Domada é considerada uma das peças mais polêmicas do cânone shakespeariano. Do título até às relações de gênero, tudo pode ser posto à prova.
My tongue will tell the anger of my heart, or else my heart concealing it will break.
– Act 4, Scene 3
O objetivo do curso livre A megera domada: as mulheres e a comédia de Shakespeare é analisar a comédia romântica A Megera Domada a partir do contexto histórico de uma Inglaterra que teve por 45 anos (1558-1603) uma mulher no trono, uma grande rainha, focalizando a expressão verbal feminina, o que elas dizem e como dizem; como dizem a si e ao outro. Nosso objetivo é fomentar a escuta poética e histórica, imaginando o que era um teatro sem atrizes no palco, mas com muitas mulheres na plateia.
O curso livre A megera domada: as mulheres e a comédia de Shakespeare será oferecido no formato síncrono e on-line. As reuniões acontecerão às terças-feiras, das 19h às 21h (horário de Brasília), nos dias 05/11, 12/11, 19/11, 26/11 e 03/12 de 2024, via Google Meet.
Os encontros serão gravados e ficarão disponíveis na plataforma. Este conteúdo poderá ser consultado exclusivamente pela turma ao longo de um período de 1 ano [365 dias] a partir da data da inscrição.
Não será possível se inscrever após o início das aulas síncronas.
Todas as aulas contarão com textos de apoio.
A professora trabalhará com as seguintes edições*:
SHAKESPEARE, William. A megera domada. Tradução de Millôr Fernandes. Porto Alegre: L&PM, 2017.
SHAKESPEARE, William. A megera domada. In: SHAKESPEARE, William. William Shakespeare: teatro completo. Tradução de Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, p. 388-493, 2016.
SHAKESPEARE, William. The taming of the shrew. Ann Thompson (ed.). Cambridge: Cambridge University Press, 2017.
*Os alunos poderão acompanhar o curso com as edições de sua preferência.
Bárbara Novais é professora, pesquisadora e tradutora. Doutoranda em Estudos de Literatura com bolsa CNPq na UFRGS, onde desenvolve pesquisa sobre a representação do arquétipo da megera na literatura medieval, no teatro de William Shakespeare e no romance inglês. Mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela UERJ (2022) com pesquisa financiada pela CAPES sobre o processo de hibridização das figuras da megera, da barraqueira e da bruxa na obra de Shakespeare. Especialista em Tradução pela PUC-Rio (2021) e bacharel em Letras (UERJ, 2019) com pesquisa financiada pela FAPERJ.