Persuasão (1817) foi o último romance concluído por Jane Austen. Iniciando o processo de escrita em 1815 e concluindo as revisões em 18 de julho de 1816, um ano antes de sua morte, a escritora já estava doente enquanto trabalhava na obra. O conhecimento deste fato marcou diversas leituras do romance e dividiu críticos. Como Patricia Meyer Spacks observa, no entanto, Persuasão rendeu e segue produzindo leituras variadas e, por vezes, radicalmente diferentes:
Alguns críticos encontraram no romance uma tensão melancólica, atribuível, em sua opinião, à doença da autora. Os primeiros comentadores de Persuasão – e alguns bastante recentes – vislumbraram no livro a tristeza da mortalidade, comentando seu tom elegíaco e um novo tipo de seriedade em seu imaginar. Os de cunho literário-histórico notaram a incursão de atitudes e pressupostos que associamos ao romantismo: a escritora que antes zombava do entusiasmo de Marianne pelas folhas mortas (Razão e sensibilidade) agora permite que sua heroína, sem articular uma crítica aberta, tenha prazer na evidência do “ano em declínio”. Os críticos sociais encontraram material para investigação na nova ênfase do romance sobre a vida e os valores da Marinha Real, descobrindo que Austen não apenas explorou o conhecimento adquirido de dois irmãos almirantes, mas pareceu criticar a aristocracia e saudar a ascensão ao poder social de uma nova classe. Persuasão, em suma, contém algo para todo mundo, um campo fértil para variados tipos de investigação crítica. (SPACKS, 2013, p. vii)
A partir de debates em torno desta pluralidade de perspectivas sobre o romance, Persuasão: Jane Austen e a Marinha pretende focalizar precisamente a crítica social que Spacks delineia, investigando a relevância da Marinha Real Britânica enquanto instituição na vida e na obra da autora.
Trata-se de um curso livre voltado para todo leitor (ou leitor em potencial!) de Jane Austen que pretenda aprofundar seus conhecimentos a respeito da obra tardia da escritora.
“Não posso mais ouvir em silêncio. Devo falar com você pelos meios que estiverem ao meu alcance. Você perfura minha alma. Sou metade agonia, metade esperança. Não me diga que cheguei tarde demais, que sentimentos tão preciosos se foram para sempre. Ofereço-me novamente a você com um coração ainda mais seu do que quando você quase o partiu, há oito anos e meio.”
Persuasão: Jane Austen e a Marinha inclui 14 aulas dedicadas a debater textos da crítica especializada austeniana que focalizem o último romance de Jane Austen e as conexões pessoais da autora com a Marinha. O curso também traz uma leitura comentada de capítulos selecionados do romance. O curso tem formato assíncrono e o conteúdo ficará disponível para consulta por dois anos a partir da data de aquisição.
Módulo 01: Os universos do romance
1. Desconstruindo mitos austenianos
2. A estrutura do romance
3. Persuasão e a obra de Jane Austen
4. A multiplicidade de leituras em Persuasão
5. A construção da amizade em Persuasão
6. Persuasão e a linguagem audiovisual
Módulo 02: Persuasão e a Marinha
1. Mulheres e a Marinha
2. Persuasão e o empreendimento colonial
3. Jane Austen e as listagens da Marinha
4. Personagens navais em Jane Austen.
5. A construção de Frederick Wentworth
6. Almirante Croft: genealogias literárias
7. Retratos navais em Persuasão
8. Persuasão e a construção do futuro
Marcela Santos Brigida elaborou os cursos do ciclo Nação Austeniana no primeiro semestre de 2022. Ela é graduada em Letras – Inglês/Literaturas (UERJ, 2018), mestre em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2020) e doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022). É professora universitária de literatura inglesa (UERJ), além de ser coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil. Possui diversas publicações na área e colaborou com prefácios e posfácios para edições recentes de traduções de clássicos vitorianos.