Publicado em 1818, A abadia de Northanger é uma obra que celebra leitores de romances em uma época em que esta forma literária ainda era marcada por uma considerável falta de prestígio. Além disso, o romance é o foco de debates na crítica especializada que se estendem da data de sua composição original ao propósito por trás do exercício empreendido por Jane Austen ao parodiar o gótico radcliffeano.
A publicação póstuma de A abadia de Northanger foi acompanhada por documentos cruciais para o estudo da obra de Jane Austen. Claudia Johnson e Clara Tuite observam que foi com a publicação desta obra e de Persuasão que um mito comum acerca de Jane Austen foi “inventado” pelo irmão da romancista, Henry. No “Aviso Biográfico da Autora”, ele alegou que a irmã teria começado a escrever romances apenas como uma atividade de lazer, sem pretensões sérias ou ambições comerciais.
Por outro lado, no “Aviso da Autora” que prefacia Northanger, a frustração expressa pela própria Jane com a aquisição e posterior não-publicação da obra por parte de um editor revela que para ela era primordial ver suas obras publicadas.
Frequentemente lida como uma sátira ao gótico setecentista, a obra foi reavaliada pela crítica especializada (cf. JOHNSON, 1988; ARMSTRONG, 2009) como uma celebração de formas literárias populares na virada do século XVIII para o XIX.
Reconhecer este elemento da escrita de Jane Austen nos permite interrogar uma série de noções cristalizadas a respeito da autora e produzir uma reavaliação dos debates que A abadia de Northanger propõe.
Neste curso, analisaremos o projeto romanesco de Jane Austen a partir de uma investigação da sua manipulação de imagens, convenções e dispositivos do gótico em seu romance inicial A abadia de Northanger. Adotaremos a leitura desta obra e de sua fortuna crítica como um método para ampliar nossos conhecimentos acerca de Austen enquanto escritora e leitora.
A abadia de Northanger e o Gótico inclui 8 aulas dedicadas a debater textos da crítica especializada austeniana que focalizam Northanger e a manipulação do modo gótico por Jane Austen. O curso também traz uma leitura comentada de capítulos selecionados do romance.
Marcela Santos Brigida elaborou os cursos do ciclo Nação Austeniana no primeiro semestre de 2022. Ela é graduada em Letras – Inglês/Literaturas (UERJ, 2018), mestre em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2020) e doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022). É professora universitária de literatura inglesa (UERJ), além de ser coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil. Possui diversas publicações na área e colaborou com prefácios e posfácios para edições recentes de traduções de clássicos vitorianos.